terça-feira, 15 de abril de 2014

Qual o correto: 'americanos', 'norte-americanos' ou (argh!) 'estadunidenses'?



Prof. Dr. Walter Mendes

Estava lendo um artigo até interessante outro dia, mas perdi metade do interesse quando encontrei a palavra estadunidense no subtítulo. É tão difícil entender...




... que o nome do país "Estados Unidos da AMÉRICA", quer gostemos ou não, é AMÉRICA e seus habitantes são AMERICANOS?


... que existe a segunda opção norte-americano, consagrada pelo uso em português, embora seja inexato (por excluir os habitantes do México, Canadá e Groenlândia) e ineficaz já que os próprios canadenses chamam os vizinhos ao sul de... americanos?


... que o vizinho deles na fronteira ao sul do Rio Grande tem por nome oficial "Estados Unidos MEXICANOS" e que nosso país já foi designado por "Estados Unidos do BRASIL" nas cinco constituições republicanas de 1891 a 1967, mas nem por isso mexicanos e brasileiros jamais foram chamados de estadunidenses?


... que "Estados Unidos" não é não o nome do país, mas uma forma de organização política, reforçando a unidade territorial e o sistema federativo?


... que o contexto elimina a dúvida se estamos tratando do país (Congresso Americano) ou do continente (Jogos Pan-americanos)?


... que existe diferença entre América (sem S: o país) e AméricaS (com S: o continente formado pelas AméricaS do Norte, Central e do Sul)?


... que a atual Turquia já foi chamada de Ásia Menor na Antiguidade e Idade Média, mas nem por isso os demais habitantes do continente deixaram de ser asiáticos?


... que estadunidense tem motivação mais política do que linguística ou histórica, sendo um termo carregado de menosprezo e ódio ao povo e à política dos Estados Unidos, tendo fortes sentimentos de antiamericanismo nutridos por ideologias de esquerda?


Então, pessoal, usem preferencialmente americano – é o mais correto, preciso e sensato. Se acharem o termo muito restritivo, petulante ou desagradável, fiquem à vontade para dizer norte-americano. Deixe estadunidense para quem deseja, ainda que secreta ou inconscientemente, jogar uma bomba nuclear no Aeroporto JFK ou reerguer uma versão do Muro de Berlim no meio do mar entre Cuba e a Flórida.


Foto: Marinheiros americanos estendem uma enorme bandeira americana num campo, antes de um jogo de beisebol na Califórnia (EUA) || Mike Blake/Reuters || abril de 2013.



Prof. Dr. Walter Mendes

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sábado, 5 de abril de 2014

Como encontrar teses e artigos para usar no TCC?

Prof. Dr. Walter Mendes

Na hora de elaborar o TCC, é importantíssimo consultar o que já foi publicado em torno do assunto que se pretende estudar. Não para plagiar obras alheias, mas para encontrar trabalhos para citar, perspectivas para ampliar e autores para fundamentar as pesquisas para o projeto e redação da pesquisa. 


Na lista abaixo encontram-se sugestões de bancos de teses e artigos brasileiros e estrangeiros úteis para a elaboração do TCC.

Pesquisa de artigos

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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Como usar 'este', 'esse' e 'aquele'?

Prof. Dr. Walter Mendes


OBSERVAÇÕES PRÉVIAS
A distinção entre ESTE e ESSE é um tanto quanto artificial, pois a linguagem informal e oral usa-os indiferentemente, bem como é e era ignorada por escritores portugueses e brasileiros do passado e da atualidade. A gramática normativa, entretanto, os diferencia e eles fazem diferença na interpretação textual como veremos nos exemplos a seguir.

Formas derivadas como DESTE, DESSE, DAQUELE, NESTE, NESTE, NAQUELE, ISTO, ISSO E AQUILO seguem a mesma lógica de ESTE, ESSE, AQUELE.

A) PRIMEIRO USO: REFERÊNCIA NO ESPAÇO#
ESTE => perto de MIM*

ESSE => perto de VOCÊ

AQUELE => longe de MIM e de VOCÊ

Este brinco na minha orelha é meu.

Onde você comprou esse brinco que você está usando agora?

Aquele brinco na vitrine é muito bonito, não acha?


*ESTE refere-se igualmente ao lugar/ponto em que alguém está:

Este apartamento, este local, deste país, nesta tese, este livro etc.

#Cá e aqui equivalem a ESTE; aí, a ESSE; lá e ali, a AQUELE.

B) SEGUNDO USO: REFERÊNCIA NO TEMPO
ESTE => dentro do tempo corrente

ESSE => fora do tempo corrente, no passado ou no futuro

AQUELE => tempo distante no passado ou no futuro

Este mês (o mês atual) vou comprar um sapato novo.

Pretendo comprar meu carro zero ainda este ano (o ano que vivemos).

Em 30 dias vamos começar a colheita. Esse mês vai ser de muita fartura!

Em 1500 Cabral desembarcou no Brasil. Naquele ano começou o domínio português nas Américas.



C) TERCEIRO USO: REFERÊNCIA NO TEXTO

1.

ESTE => o que VAI SER dito

o que JÁ FOI dito <= ESSE*

Esta é a solução para muitos problemas brasileiros: educação.

Estes são dois problemas graves: desemprego e violência.


O desemprego e a violência aumentaram: esses problemas não foram resolvidos conforme a promessa do presidente na campanha.

Elaboração do plano anual: foi esse o assunto discutido durante a reunião.


*TAL pode substituir ESSE ou dar caráter indefinido ao substantivo que acompanha:

Ele matou a mulher com 3 facadas depois de violentá-la na rua. Tal tipo de homem (esse tipo de homem) merece sofrer muito na cadeia.

Os dois começaram a trocar farpas e acusações no meio do jantar. Para mim, tais assuntos (esses assuntos) não devem ser discutidos na presença de visitas.


Tal dia e tal hora vamos ter a reunião.

Tal pai, tal filho.

2.

ESTE => o 2º de 2 elementos citados*

AQUELE => o 1º de 2 elementos citados

Houve uma guerra no mar entre corsários da França e Inglaterra: estes [desnecessário dizer que são os corsários ingleses] venceram aqueles.

Música de câmara e ópera são as suas preferidas: esta, porque mexe com seus sentimentos; aquela, pelos efeitos relaxastes.

Eram duas irmãs, Josefa e Maria: esta (Maria, no caso), a loira; e aquela (Josefa), a morena.

Na sala de aula há dois alunos que se destacam – Pedro e Marcos. Este por seu jeito extrovertido, e aquele pelo seu jeito educado.


*Pode-se usar ESTE simplesmente para se referir ao último elemento citado (sem repetir os 2 elementos) ou no lugar de ELE para evitar ambiguidade:

Quando o rei D. João V faleceu e D. José ocupou o trono, este recorreu a Sebastião José – o Marquês de Pombal – para ser Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros.

(Com ‘ele’ no lugar de ‘este’, à primeira vista poderíamos pensar ter D. João V, e não D. José, nomeado Sebastião José ministro antes de morrer.)

Macpherson dirige sua crítica a Rawls quando este admite serem os princípios éticos da justiça econômica capazes de regular o mercado.

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